A hipertensão arterial é a mais frequente complicação clínica observada durante a gravidez. A hipertensão arterial crônica acomete cerca de 5% das gestantes, e a tendência é que aumente a prevalência, visto o aumento da hipertensão na população em geral, e da gravidez em idades mais avançadas. Já a doença hipertensiva específica da gravidez, isto é, que aparece durante a gestação, (DHEG, pré-eclâmpsia) afeta 5% das gestantes, sendo mais comum em primigestas (primeira gestação) e em pacientes com outras doenças associadas (hipertensão arterial crônica, diabetes, doenças do colágeno como lupus, trombofilias). A chance de ocorrência de pré-eclâmpsia em mulheres que já são hipertensas é de 25 a 30%.
A falta de detecção ou controle inadequado da hipertensão na gravidez pode levar a complicações graves, como a ocorrência de eclâmpsia (convulsões e/ou coma), edema agudo dos pulmões, descolamento prematuro da placenta, hemorragias e insuficiência renal.
A hipertensão arterial na gravidez é também perigosa para o concepto, podendo levar à restrição do crescimento fetal (bebês de baixo peso), aumento das taxas de prematuridade, sofrimento fetal e até mesmo óbito fetal ou neonatal. O diagnóstico precoce da hipertensão arterial na gestação, e o controle clínico e obstétrico adequado destas pacientes são capazes de reduzir a morbidade e mortalidade materna e perinatal.
Como tratar
As doenças hipertensivas podem complicar as gestações, interferindo no crescimento do feto e alterando a função renal da mulher. Por isso, o pré-natal deve ser ainda mais rigoroso caso você tenha qualquer uma das formas de hipertensão (leia abaixo). Pode ser que o obstetra indique mais ultrassons para acompanhar o desenvolvimento do bebê, por exemplo.
A pré-eclâmpsia afeta 5 a 7% das grávidas brasileiras, segundo Kondo. Ela surge a partir da 20ª semana de gestação e acomete, principalmente, quem está esperando o primeiro filho. Inchaço nos pés, pernas, mãos e no rosto e fortes dores de cabeça estão entre as consequências da pré-eclâmpsia, que não tem causa conhecida. O excesso de espuma na urina pode ser um indício de eliminação de proteína, outro fator comum nesse caso.
O tratamento varia de acordo com a gestante. “Dependendo do risco, a mulher é orientada a diminuir o ritmo de suas atividades. Se tiver um trabalho muito estressante, é interessante que ela se afaste”, diz Kondo. Internações para monitoramento e repouso também costumam ser recomendados às gestantes que têm pré-eclâmpsia – e o uso de medicamentos é necessário para os casos mais complicados. “O risco, caso a doença não seja diagnosticada e tratada corretamente, é ela evoluir para a eclâmpsia, provocando convulsão na gestante, o que pode ser fatal para ela e para o bebê”, alerta Kondo.
Vale lembrar que controlar a alimentação, o sal e a gordura das comidas, assim como praticar atividades físicas são fatores aliados no controle da hipertensão. “Os exercícios leves, de baixo impacto, melhoram o condicionamento, favorecem o controle de peso e da pressão. Hidroginástica, por exemplo, é uma excelente opção”, diz o obstetra José Carlos Sadalla, ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês (SP).
Entenda a diferença entre as doenças hipertensivas que merecem atenção durante a gravidez:
Hipertensão crônica: quando a mulher já tem pressão alta antes de engravidar.
Pré-eclâmpsia: surge geralmente a partir da 20ª semana de gestação e tende a desaparecer entre a 4ª e a 6ª semana após o parto. Se ela persistir alta depois desse período, passa a ser considerada crônica.
Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia: mulheres que têm esse problema também podem desenvolver pré-eclâmpsia. Ou seja, sofrer as consequências desse problema: inchaço, dor de cabeça, perda de proteína na urina. Os médicos chamam de pré-eclâmpsia superajuntada. Geralmente, é uma das formas mais graves da doença.
Hipertensão gestacional: quando a pressão da gestante sobe durante qualquer período da gestação, mas sem os fatores agravantes da pré-eclâmpsia. A tendência é a de que a pressão normalize 24 horas após o parto.